Project Gutenberg's O Padroado Portuguez na China, by A. Marques Pereira This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org Title: O Padroado Portuguez na China Author: A. Marques Pereira Release Date: March 18, 2010 [EBook #31693] Language: Portuguese Character set encoding: ISO-8859-1 *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O PADROADO PORTUGUEZ NA CHINA *** Produced by Pedro Saborano (produced from scanned images of public domain material from Google Book Search)
�
O PADROADO PORTUGUEZ NA CHINA
A. MARQUES PEREIRA
O PADROADO PORTUGUEZ
NA CHINA
(Impresso requisitado por um amigo)
LISBOA
IMPRENSA DE J. G. DE SOUSA NEVES
65—Rua da Atalaia—67
1873
A JOS� MIGUEL VICTOR DE FIGUEIREDO
�{7}
Um excellente amigo meu da China (e, Deus Louvado, ainda ahi os tenho de molde que me tira a vontade de enxergar os fundibularios covardes que tentaram e lograram com a mais infame das ciladas molestar-me nos excessos do brio) tendo visto uma das tres pequenas cartas que adiante se l�em, cheio de honesto e constante interesse pelo assumpto que levemente suggerem, e julgando dos ocios do esclarecido jornalismo politico lisbonense com a ingenuidade de um portuguez distante: pediu-me, por carta, que lhe mandasse, colligida em volume, toda a controversia que anteced�ra e segu�ra o que tinha lido.{8}
Respondi-lhe que a controversia toda pouco mais era, e nem sequer chegaria a dar um folheto; que a uma segunda carta minha, que a Gazeta do Povo, publicou, n�o houvera mais resposta: silencio este que, n�o podendo ser attribuido � victoria ces�rea dos meus abreviados argumentos, tambem com inteira justi�a se n�o podia imputar � insufficiencia d'aquella folha, a qual desde logo manifest�ra que a replica, a ter lugar, n�o cabia � sua redac��o effectiva, mas a um seu illustrado collaborador e amigo; e finalmente que j� se annunciava a substitui��o da Gazeta pelo Paiz, e que n�o era de presumir que este cuidasse em tomar dos collaboradores d'aquella o legado triste, e felizmente descurado havia mezes, de desmentir e annullar os restantes direitos do nosso padroado portuguez na China.
Insiste o meu amigo, pela recemvinda mala, em que lhe mande o folheto, entendendo que, por muito exiguo que seja, sempre ter� a efficacia de um brado ou um gemido em causa de tanta justi�a.—N�o sei recusar-lhe nada, e at� o muito que o estimo quasi me n�o deixa sorrir da sua confian�a em brados ou gemidos a favor de causas justas. Permitta-me por�m a sua amisade que declare aqui bem explicitamente que a unica pretens�o e o unico intuito d'esta pequenina copila��o � satisfazer a um pedido seu, e sem demora de um paquete.
Lisboa, 21 de fevereiro de 1873.{9}
Em 19 de fevereiro do anno findo, sobre a leitura de justissimas considera��es do meu referido amigo, dirigi a seguinte carta ao Diario de Noticias, que a publicou em 20:
Ex.mo sr. redactor,
Com respeito � nossa colonia de Macau, ha tres quest�es palpitantes, importantissimas, que a imprensa periodica de Lisboa conhece, creio eu, comquanto as n�o discuta. S�o a ratifica��o do tratado de 1862; as alfandegas chinesas em territorio portuguez; a emigra��o. A solu��o da primeira depende da habilidade e pericia{10} do nosso plenipotenciario. A da segunda da inteiresa e energia das primeiras auctoridades do estabelecimento. A da terceira da rigorosa e imparcial observancia dos regulamentos, e do bom acc�rdo com a diplomacia inglesa. A nenhuma dellas me refiro n'esta carta. Sobre a primeira e terceira tenho escripto em demasia, tanto livre como officialmente. Da segunda sou victima, e portanto suspeito perante o programma de uma folha incolor. Existe por�m uma quarta quest�o pendente, esquecida ha muitos annos, mas nem por isso pouco importante para a colonia de Macau. A solu��o d'esta depende do sr. ministro da marinha e do governo. Refiro-me ao padroado portuguez na China, e reduzo-me a historial-o em poucas palavras. O bispado portuguez de Macau, erecto pela bulla de Gregorio XIII, de 23 de janeiro de 1575, comprehendeu em seu principio toda a China e Jap�o, terras e ilhas adjacentes. Em 1588 foi creado o bispado de Funay, no Jap�o, e em 1690 os de Pekim e Nankim. Innocencio XII, logo depois, reduziu consideravelmente os limites dos bispados da China, que abra�avam, al�m das provincias do imperio, a Tartaria, Tongking e todas as ilhas. Esta circumscrip��o foi que designou ao de Macau as provincias de Kuang-tung, Kuangsi e as ilhas que a ellas pertencem,—e assim durou at� n�o ha muitos annos. Seguiu-se a concordata, ratificada em 6 de fevereiro de 1860, que pelos artigos 3.� e 4.� e annexo A reduziu ainda o padroado portuguez na China � diocese de Macau, e esta � provincia de Kuang-tung e ilhas adjacentes, com excep��o de Hongkong. Esta diocese, por estar de si bem determinada, n�o exige para o seu completo reconhecimento a circumscrip��o pr�via que a mesma concordata estabelece necessaria para as da India. Comtudo em 1872 os missionarios da{11} congrega��o da Propaganda conservam-se em toda a provincia de Kuang-tung com um bispo estrangeiro, a despeito da justissima antipathia das christandades; e a Santa S� mantem a recusa da confirma��o do bispo apresentado pelo real padroeiro na f� dos citados artigos.—Lembrar a necessidade que tem de um bispo a diocese de Macau, viuva ha vinte annos, e a obriga��o que tem o governo de se fazer ouvir do supremo chefe da egreja para que considere e afaste a obstinada les�o dos nossos direitos, j� t�o diminuidos, �, sr. redactor, o objecto d'esta minha carta, que abreviei quanto me foi possivel.
S. C., 19 de fevereiro de 1872.
De v. ex.�
A. Marques Pereira{12}
{13}
Na Gazeta do Povo de 27 li depois isto:
NOTICIAS DE MACAU E QUEST�O DO PADROADO
�A proposito de coisas de Macau, mencionemos uma carta assignada pelo sr. Marques Pereira em 19 do corrente mez, e publicada no Diario de Noticias. Seu objecto principal � �cerca do padroado da China, e da quest�o da escolha e confirma��o de bispo para Macau.
Censura o sr. Marques Pereira a recusa da Santa S� �quella confirma��o, chamando-lhe obstinada les�o dos nossos direitos.{14}
Para que o publico n�o seja induzido em erro por taes asser��es de pessoa que � tida por entendida nos negocios de Macau, contrapomos �quella carta algumas observa��es sobre o mesmo assumpto, copiadas da Correspondencia de Portugal de 29 de janeiro ultimo. Este excellente jornal � pouco lido no paiz, e por isso mui limitado numero de individuos conhecer�o aquellas observa��es.
Julgamos, pois, fazer bem em vulgarisal-as, para que na aprecia��o de assumpto t�o importante, se julgue com a imparcialidade e exemp��o de preconceitos que elle reclama.
�Est� confirmada por Sua Santidade a transferencia do sr. bispo eleito e confirmado de Macau para a diocese d'Angra, da qual j� mandou tomar posse.
�Est� pois vaga a mitra de Macau, e �, a nosso v�r, uma urgente necessidade prov�l-a sem demora. A falta dum prelado sagrado n'aquella cidade � mui prejudicial para seus interesses religiosos e civis. Mas a apresenta��o do novo bispo de nada servir�, se o governo n�o quizer acceitar as respectivas bullas com as restric��es de jurisdic��o exaradas nas do sr. D. Jo�o, quando foi confirmado bispo de Macau, ou com outras.
�O sr. marquez de S� da Bandeira, com o tino e sensatez que lhe d� o muito conhecimento que possue dos negocios do ultramar, resolveu, na ultima vez que foi ministro da marinha, acceitar aquellas bullas, o que os ministros seus predecessores tinham recusado.
�Se o digno actual ministro da marinha n�o f�r d'esta opini�o, ent�o � inutil a apresenta��o de novo bispo, e s� servir� para renovar j� cansadas quest�es, que n�o levar�o a melhor resultado do que at� agora.{15}
�Se o governo sinceramente quer attender �s necessidades religiosas de Macau, entre em cordeaes negocia��es com a Santa S� para restringir, ao menos provisoriamente, a desmedida extens�o da diocese de Macau.
�Proponha-se que o novo bispo seja confirmado com a jurisdic��o limitada, n�o � cidade de Macau, como foi o ultimo bispo eleito, mas � contigua denominada peninsula de Heang-cham e ilhas chinezas circumvizinhas. Actualmenle n�o ha n'estes territorios missionarios nem estabelecimentos alguns da Propaganda Fide, e portanto nenhumas difficuldades se suscitariam.
�� sufficiente terreno e popula��o para uma excellente miss�o, proporcionada aos nossos meios, pois tudo comprehender� 500:000 a 600:000 habitantes, que teem continuo trato com os portuguezes, cujos costumes e leis mais ou menos conhecem, e parte delles por vezes teem aproveitado a protec��o da nossa bandeira, fugindo � guerra civil, ou �s extors�es dos seus mandarins.
�Uma miss�o n'estes limites, dirigida com zelo, habilidade e perseveran�a por alguns missionarios portuguezes, auxiliados pelo clero indigena chinez ou de Macau, conseguiria, em algumas dezenas de annos, christianisar, sen�o toda, decerto uma grande parte da popula��o, e preparal-a talvez para acceitar gostosa o nosso dominio temporal, aproveitando o governo portuguez algum ensejo favoravel, facil de se dar no estado de desorganisa��o politica e social em que se v� o grande povo chinez.
�A guerra civil, que sempre mais ou menos lavra na China, e a renova��o da guerra com estrangeiros, que � inevitavel, mais tarde ou mais cedo, renovar�o as circumstancias, t�o infelizmente desaproveitadas, que occorreram{16} na ultima famosa guerra entre o celeste imperio e a Fran�a e Inglaterra. Ha mais de dez annos poderiamos possuir a peninsula de Heang-cham, se n�o f�ra a criminosa incuria, quasi incrivel, d'um ministro d'aquella �poca e dos seus empregados.
�Preparar taes resultados ser� ao mesmo tempo um grande servi�o � religi�o e � civilisa��o, e ao engrandecimento e gloria da patria.
�A occasi�o � a melhor possivel. O prestigio e influencia da Fran�a nos negocios da China est� sustado por largos annos. Os interesses politicos e religiosos d'aquella potencia � que nos podiam contrariar; estabelecendo seus missionarios, capellas, hospitaes e escolas no referido territorio, como tem feito em todo o resto da provincia de Cant�o, em Kuang-si e no Hain�o, extensissimos paizes, comprehendidos de direito na diocese de Macau, mas ha muitos annos de facto perdidos para o padroado real, pela falta de cumprimento das obriga��es do padroeiro.
�N�o ha, pois, receio que a Fran�a venha opp�r difficuldades ao indicado acc�rdo com a Santa S�, que julgamos n�o se recusar� a elle, nem rasoavelmente o p�de fazer. Para n�s, Portuguezes, nada tem de indecoroso, como o poder�o julgar alguns animos possuidos de exaggerado e insciente patriotismo.
�Devemos francamente reconhecer que foi justa a restric��o imposta pelo Summo Pontifice nas bullas da confirma��o do mencionado ultimo bispo eleito de Macau, e que o ser� se se repetir esse facto, com o qual o governo deve contar, se apresentar novo bispo.
�Se Portugal n�o cumpre a concordata na parte onerosa, como p�de exigir o pleno cumprimento d'ella na parte benefica e de privilegio?{17}
�� j� tempo que os ministros, os representantes do paiz e a imprensa que se diz liberal, deixem esse systema de declama��es apaixonadas, quando se trata da quest�o do padroado, que n�o estudam, ou n�o querem estudar, com a imparcialidade e justi�a que ella exige.
�Ha at� conveniencias positivas e puramente politicas, que aconselham a desistir temporariamente, ou mesmo para sempre, ao direito da actual circumscrip��o da diocese de Macau. Isso nos livraria de muitos embara�os e vergonhas. Firmemos bem o dominio espiritual onde temos o temporal, t�o vacillante nas colonias; e deixemos pretens�es que se tornaram j� ridiculas perante a Europa, pelo estado de abatimento e desorganisa��o em que est� Portugal.�
Eis, pois, o que diz a Correspondencia de Portugal. Ainda que n�o concordassemos inteiramente com as opini�es expostas, as julgamos dignas de atten��o quando se trata de apresentar novo prelado para Macau, o que tambem entendemos n�o se dever demorar.�{18} {19}
Era uma accusa��o de induzir o publico em erro. Outras maiores ainda recebi j� da imprensa, felizmente com igual justi�a, mas em Lisboa foi, e � at� agora, a primeira que eu l�sse. Maiores ou menores tenho a fraqueza de levantar todas, emquanto me n�o chegue a m� hora,—e espero que n�o chegue,—da consciencia me confirmar alguma. Entendo que a voz da imprensa deve ser sempre ouvida e discutida, de qualquer lado e at� de qualquer modo que s�e. Chamei a isto fraqueza, e perd�e-se-me � conta de poder chamar-lhe parvoice. Quando, infamado pelo mais abjecto de quantos periodicos � crivel que possam existir, pedi ser suspenso do exercicio do meu cargo e corri aos tribunaes extrangeiros{20} e nossos a esmagar a calumnia e os calumniadores pelo mais brilhante modo que um funccionario p�de sequer desejar, encontrei na volta o mesmo cargo provido por insidia venal e patronato, e reclamando perante o ministro da marinha d'esse dia (que era por signal advogado) tive em resposta que me sobejava ras�o, mas nada havia a fazer contra factos consummados de que elle ministro n�o era culpado e que dariam ao funccionario demittido hoje a mesma ras�o de queixa que eu tinha pelo haver sido hontem. D'aqui aprendam quando injuriados, se poderem, os funccionarios publicos futuros. Eu por mim, dado o caso, reincidiria na tontice, e �ro a Deus que me n�o accusem d'ella meus filhos quando a miseria se aprouver de leval-os � idade da ras�o.—Trouxe eu isto f�ra de proposito para dizer que respondi � Gazeta do Povo, em cujo numero 700 se l�:
�Recebemos do sr. Marques Pereira a carta que em seguida public�mos. N�o lhe respondemos, porque deixamos esse cuidado ao nosso illustrado amigo e collaborador, que trata da quest�o de Macau, e que por estar ausente s� vir� a ter conhecimento da carta do sr. Pereira quando a receber impressa na Gazeta do Povo.
Posto que a polemica mais pare�a desejar encetar-se com rela��o ao que escreveu a Correspondencia de Portugal, ao nosso collaborador ficar� pois n�o s� o cuidado, mas a liberdade de fazer o que lhe approuver.
Eis a carta:�{21}
Ex.mo sr. redactor da Gazeta do Povo,
Ha poucos dias dirigi ao Diario de Noticias uma breve carta lembrando a necessidade de se obter a confirma��o de um bispo para Macau e os limites que a concordata ratificada em fevereiro de 1860 designou �quella diocese. Acrescentei simplesmente que,—logo depois da concordata,—a recusa de tal confirma��o com os limites de jurisdic��o estipulados, e a permanencia dos padres da Propaganda na provincia de Kuang-tung (quando ainda existem, mesmo na Asia, muitos paizes sem miss�es) era uma obstinada les�o dos direitos do padroado portuguez, j� t�o diminuidos.
No seu jornal de 27 do corrente, cita v. ex.� essa minha carta, e, para que o publico n�o seja induzido em erro por ella, entende dever contrap�r-lhe um artigo da Correspondencia de Portugal de 29 de janeiro, que effectivamente transcreve.
Transcripto o artigo, diz por ultimo v. ex.� que julga as opini�es d'elle dignas de atten��o, posto que n�o concorde inteiramente com ellas.
Ignoro portanto qual seja a opini�o de v. ex.� sobre o assumpto do padroado portuguez na China, e absolutamente n�o comprehendo,—ainda depois de l�r o artigo da Correspondencia de Portugal,—de que modo a minha brevissima carta, simplesmente historica, possa induzir o publico em erro. N'essa carta indiquei o direito existente, assegurado por um tratado moderno: a Correspondencia de Portugal prop�e que se estipule um direito novo. Disse eu que, descrevendo a concordata os limites da diocese, devia haver um bispo portuguez com jurisdic��o nesses limites. Diz a Correspondencia de Portugal que taes limites s�o ainda exagerados e{22} conviria reduzil-os � peninsula (ali�s ilha) de Hianchan, de cujo dominio temporal se lhe afigura que viriamos mais tarde a apossar-nos. Em nada refuta isto o direito que at� agora a concordata estabelece e eu lembrei.
Haveria por�m muito, � certo, que discutir no artigo, e, se � intento de v. ex.� franquear a essa discuss�o as columnas do seu jornal, offere�o-me eu a tomar n'ella humilde parte.
S. C., Pra�a de S. Paulo 13, 1.�;
29 de fevereiro de 1872.
De v. ex.�
A. Marques Pereira.{23}
Em 12 de mar�o veio dizendo o illustrado amigo e collaborador da Gazeta do Povo:
�MACAU—QUEST�O DO PADROADO
Quando d�mos as noticias de Macau vindas na precedente malla, aludimos a uma carta do sr. Marques Pereira, publicada no Diario de Noticias, �cerca da confirma��o do novo bispo para aquella diocese, que o governo tem de apresentar.
Aquella referencia motivou outra carta do mesmo senhor, dirigida a este jornal, na qual declarando a primeira{24} simplesmente historica, diz que por isso n�o comprehende como possa induzir o publico em erro.
Ainda que ha escriptores que erram na historia, e �s vezes scientemente, a nossa allus�o n�o foi decerto � parte historica da carta do sr. Marques Pereira, mas sim � opini�o ou asser��o de que a Santa S� recus�ra a confirma��o do bispo para Macau, por obstinada les�o dos nossos direitos. A esta opini�o do escriptor, segue-se uma instancia ou conselho ao governo, para que exija a confirma��o do bispo de Macau, sem restric��es de jurisdic��o, pelo direito estabelecido na concordata; nada dizendo sobre os deveres a que por ella est� obrigado o mesmo governo e que n�o tem cumprido.
Ora isto n�o � simplesmente historico. � uma aprecia��o que julg�mos errada, e um conselho que entendemos mau; ras�o porque lhe contrapozemos o artigo da Correspondencia de Portugal, que esclarece a quest�o, e mostra que n�o ha n'este caso da parte da Santa S� obstinada les�o dos direitos da cor�a portugueza.
O Papa n�o recusou a confirma��o do ultimo bispo eleito de Macau, o sr. D. Jo�o Botelho do Amaral, hoje bispo d'Angra: pelo contrario, confirmou-o promptamente; mas com a jurisdic��o restricta � cidade de Macau, emquanto o governo de Portugal n�o cumprir as obriga��es do padroeiro, designadas na Concordata.
� este um tratado ou pacto que estabelece direitos e obriga��es para ambos os contractantes.
Aconselhar, pois, como faz o sr. Marques Pereira, ao governo portuguez que exija a manuten��o dos direitos, sabendo-se que este n�o tem cumprido, e que n�o mostra meios nem disposi��es para cumprir, as correlativas, obriga��es; � que nos parece se p�de dizer desejo de obstinada les�o contra o direito e a justi�a natural.{25}
Ainda que seria nas columnas da Correspondencia de Portugal, que melhor caberia a contesta��o do artigo que d'ella transcrevemos; comtudo se o sr. Marques Pereira quizer publical-a n'este jornal, de bom grado o faremos, pela muita atten��o em que temos este conhecido escriptor, sem que isso nos obrigue a discuss�o.�{26} {27}
Ora a Correspondencia de Portugal n�o me culp�ra de induzir em erro pessoa alguma, e at� o artigo que se extrahira d'ella para me convencer da culpa (v. pag. 14) anteced�ra tres semanas a minha innocente e brevissima carta ao Diario de Noticias. N�o vendo assim motivo de a importunar, e tendo vencido uma doen�a que me importunou a mim alguns dias, dirigi mais uma carta � Gazeta do Povo, que a inseriu logo e sem commentarios.
Dizia:
Ex.mo sr. redactor da Gazeta do Povo,
Por falta de saude deixei de responder logo ao ultimo artigo em que tratou do padroado portuguez na China,{28} com referencia a uma carta minha, e em que se dignou franquear o seu jornal � publica��o das modestas considera��es que me propuz expender a respeito dum artigo da Correspondencia de Portugal sobre o mesmo assumpto: artigo que v. ex.� transcrev�ra como refuta��o a uma outra carta que dirigi ao Diario de Noticias.
Tratarei de resumir quanto possivel o que tenho a dizer, porque infelizmente nem a naturesa do assumpto chamaria grande atten��o a um artigo em demasia extenso, nem abusando eu do espa�o do seu jornal corresponderia devidamente ao favor de v. ex.�
Aceitemos um momento por incontestavel toda a culpa que v. ex.� e a Correspondencia de Portugal attribuem ao governo portuguez na quest�o do bispado de Macau. Ainda assim me parece que, a n�o sermos mais inimigos dos restantes direitos do padroado portuguez do que o s�o os proprios agentes da Propaganda, deveriamos duplicadamente citar a concordata para que o governo cumprisse os seus deveres e exigisse os seus direitos. Querer que o culpado se n�o arrependa nem se defenda, e seja unicamente accusador e executor de si mesmo, parece-me injusto.
Mas, sr. redactor, somos n�s hoje em verdade t�o culpados quanto v. ex.� e a Correspondencia de Portugal nos fazem? Pois n�o foi exactamente para castigo de nossas culpas que a concordata nos tirou todos os bispados da China, � excep��o do de Macau, e reduziu este mesmo � colonia portugueza com a provincia de Kuang-tung?
E que succedeu por�m?
Ratificada a concordata os missionarios estrangeiros conservam-se em Cant�o sob a exclusiva auctoridade d'um bispo seu que a Santa S� lhes confirma, e ao real{29} padroeiro portuguez � successivamente recusada a confirma��o de dois bispos eleitos, ou offerecida com a restric��o de jurisdic��o �s tres freguezias da cidade de Macau!
A isto s� v. ex.� me opp�e,—permitta-me que o diga,—o eterno argumento dos Annaes da associa��o da Propaganda e publica��es similhantes, do qual muitas vezes se usou com verdade tratando em geral do padroado portuguez no oriente, e de que muitas mais se abusou com injusti�a a respeito de varias partes do mesmo padroado:—e � que a concordata imp�e obriga��es assim como assegura direitos, que no exercicio d'estes deve o padroeiro cumprir aquellas, e que pois as n�o cumpre os direitos cessam.
Em primeiro logar, quem viu que as n�o cumprisse o padroeiro? Se nem um dia, se nem uma hora lhe foi dado exercer na China a jurisdic��o que a concordata lhe deixou, onde se encontra o testemunho de haver faltado aos deveres a que se obrigou por ella?
Encontra-se—dir-me-hiam os ecos da associa��o—na manifesta incapacidade de os cumprir, porque n�o admittindo em seus estados ordens religiosas, n�o p�de prov�r miss�es.
Para tal resposta ser justa f�ra mister que ao tempo de celebrar-se a concordata houvesse em Portugal ordens religiosas, ou que por esse tratado nos obrigassemos a admittil-as para missionar.
Mas n�o; a concordata foi assignada em fevereiro de 1857 e ratificada em fevereiro de 1860, e a unica obriga��o, dever ou condi��o que, relativamente ao bispado de Macau, nos imp�e � (queira v. ex.� reparar) que se procure pelo real padroeiro augmentar o numero de habeis e idoneos missionarios, que, al�m dos existentes{30} (em 21 de fevereiro de 1857), se empreguem na conserva��o e na propaga��o da f� catholica n'aquellas regi�es.
Ora, eu n�o vim a esta quest�o como paladino apaixonado do nosso governo, ou de qualquer dos nossos governos. Acho-me at� presentemente, e ha dois annos, n'uma situa��o individual t�o iniquamente desattendida pela nossa entidade chamada governo, que n�o � de supp�r que eu ande muito preoccupado pelo empenho de lhe ser agradavel nos meus raros e pobres escriptos. Mas tambem n�o sei fazer c�ro em accusa��es de que n�o tenha inteira consciencia, e no que respeita ao bispado de Macau n�o me parece que a indifferen�a tenha sido tanta que, perante a lettra da concordata, que acabo de citar, justifique o duro castigo que v. ex.� approva. O governo chegou a entregar o seminario de S. Jos� de Macau aos jesuitas durante dez annos, desde 1862 at� ha poucos mezes, e, se isto n�o mostra grande respeito � lei, denota ao menos com summa evidencia a boa vontade que a Propaganda lhe nega. � verdade que em todo esse tempo os jesuitas nada fizeram a bem d'aquella por��o do padroado, antes se mostraram sempre encarni�adissimos inimigos de taes direitos, mas nada prova isso contra a boa inten��o que presidiu � experiencia de os admittir.
Mas dir� ainda a Propaganda: as miss�es n�o podem confiar-se a experiencias, nem a protestos de boa vontade; a concordata n�o tem valor ante o principio salus populi suprema lex, e a christandade de Cant�o seria grandemente prejudicada e arriscada, se a deixassemos.
Para v. ex.� avaliar este argumento, pedirei apenas que se digne l�r o capitulo vigesimo septimo dos{31} Apontamentos d'uma viagem de Lisboa � China e da China a Lisboa pelo sr. Carlos Jos� Caldeira. Teria muito mais que citar, se n�o receiasse ostentar erudi��o d'obras que difficilmente se encontram em Lisboa, e exporia at� o muito que a observa��o pessoal me suggere se n�o existisse a deposi��o do dito escriptor, por certo conhecidissimo de v. ex.� Pelo indicado capitulo—que se intitula Miss�es portuguezas na China, missionarios francezes, padroado real, e a sociedade da propaga��o da f�—ver� v. ex.� como os missionarios franceses e italianos felicitam as christandades que nos tiraram, e apreciar� os beneficios que resultam para o bispado de Macau do que eu denominei e denomino obstinada les�o dos nossos direitos.
J� quero por�m collocar-me contra o depoimento do sr. Carlos Jos� Caldeira, quero admittir que seja grande o zelo dos missionarios estrangeiros no desempenho da miss�o do bispado de Macau.—Se a Egreja de Roma � universal e se � verdadeiro o amor que elles teem a esses christ�os, por que motivo se n�o offerecem a obedecer, emquanto preciso seja, ao prelado portuguez que aos mesmos christ�os pertence?—Porque os portuguezes desestimam as miss�es? N�o dizem verdade, quando assim dizem, pois que para a mesma associa��o da propaga��o da f� concorre o povo portuguez annualmente com avultados donativos.—Porque a associa��o � incombinavel com o nosso governo? N�o me parece, e ainda agora o mostrei. O governo que admittiu dez annos em Macau os jesuitas, desaffectos ao nosso pleno exercicio na diocese, n�o deixa porcerto d'aceitar a sujei��o transitoria dos propagandistas ao mesmo exercicio.
A ras�o, pois, � porque n�o querem, e n�o querem{32} hoje assim como n�o quizeram desde o primeiro dia, ha muito tempo, em que entraram nas nossas miss�es da Asia, cheias ent�o de missionarios nossos e providas com os nossos bispos, e come�aram a guerreal-os sem treguas, tirando-lh'as uma a uma. Fugindo de caminhar no mais pequeno acc�rdo comnosco, esfor�avam-se unicamente em combater-nos por modo tal, que os christ�os se entibiavam e mais se afastavam os gentios, vendo em anarchia a egreja que tinham antes pela mais unida. Dir-se-hia em verdade que era outra e diametralmente opposta a doutrina que vinham pr�gar. Com o desgosto e afastamento dos nossos missionarios e com as circumstancias politicas que mais tarde se deram, a usurpa��o—como sempre succede—ganhou com o tempo os f�ros de justi�a: e para se nos tirar o resto do bispado de Macau serve agora a queixa de sermos descuidosos, como ent�o servia a de sermos ambiciosos.
Por ambiciosos e descuidosos nos castigou—torno a lembral-o—a concordata, que � lei ha doze annos, e pela qual renunci�mos definitivamente ao padroado em todos os bispados do Jap�o e da China, conservando unicamente o de Macau, e este reduzido a metade. E pois que � lei, e emquanto o seja, entendo que deve cumprir-se, e que deve o padroeiro portuguez exigir para o bispado de Macau a posse dos limites que a mesma lei designou. E quando por quaesquer circumstancias se estipulem novos tratados, cumpram-se esses, de modo que se n�o tolerem usurpa��es � face d'elles, e que nos n�o deixemos indifferentemente punir pela falta de cumprimento de deveres que nem sequer fomos admittidos a praticar. � isto o que me parece justo e digno.
Vou concluir, sr. redactor. Muito mais se me offerecia a dizer, mas n�o quero faltar � promessa de abreviar{33} quanto possivel esta carta. Dil-o-hei se tiver de escrever-lhe mais sobre o mesmo assumpto.
Ajunto por agora s� duas palavras necessarias.
Eu n�o me referi a Sua Santidade. Entendo e creio que a inalteravel rectid�o do supremo chefe da Egreja est� muito superior � obstinada les�o dos nossos direitos, de que fallei. Sei bem que esta distinc��o � censurada e vituperada pelos proprios auctores do facto, cuja inteira responsabilidade elles querem que seja do Papa, e por bem o saber � que mais me apresso a distinguir.—N�o fallei pois do Summo Pontifice, e, quando tal fizesse para significar que o illudiam, n�o saberia dizer mais do que o sr. Carlos Jos� Caldeira nas seguintes linhas do capitulo acima citado:
�A Sua Santidade cabe uma tremenda responsabilidade, e ter� talvez de responder perante Deus, por todo o mal que teria evitado, se quizesse entrar no verdadeiro conhecimento do estado das christandades na Asia, e fizesse caminhar pelas vias regulares e honestas a Congrega��o da Propaganda Fide, que tanto se afasta dos deveres do seu instituto; porque se deixa guiar por interesses mundanos e m�s paix�es, e trata com incrivel leviandade e desleixo os mais consequentes negocios da Egreja. � por isto que muitos lhe chamam na Asia—Congrega��o de destruenda fide.�
S. C., 1.� d'abril de 1872.
Sou de v. ex.�
A. Marques Pereira.{34} {35}
O collaborador n�o tornou at� hoje, e diga-se isto sem desdouro seu, pois que, para mais segura defeza do que escrev�ra sem provoca��o, desde logo se desobrig�ra de replicar.
Depois de publicada a carta que precede, indo eu n�o sei j� com que humilde pretens�o ao escriptorio do Diario de Noticias, em aprazivel e variada conversa de minutos junto d'aquella meza feracissima de cujos escriptos se alastra Portugal e seus dominios, ouvi de um dos srs. collaboradores certa informa��o que, dias antes, me faria redigir de modo algum tanto differente a mesma carta. O folheto acabava engra�adissimo se eu{36} repetisse agora a informa��o: nada me auctorisa porem a fazel-o, ainda que o cavalheiro a n�o declarou segredo.
Acaba por isso triste, inutil, abstracto—� maneira de esphinge velha, perdida em areiaes do Egypto... � maneira do padroado portuguez na China.
FIM.
End of the Project Gutenberg EBook of O Padroado Portuguez na China, by A. Marques Pereira *** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O PADROADO PORTUGUEZ NA CHINA *** ***** This file should be named 31693-h.htm or 31693-h.zip ***** This and all associated files of various formats will be found in: https://www.gutenberg.org/3/1/6/9/31693/ Produced by Pedro Saborano (produced from scanned images of public domain material from Google Book Search) Updated editions will replace the previous one--the old editions will be renamed. Creating the works from public domain print editions means that no one owns a United States copyright in these works, so the Foundation (and you!) can copy and distribute it in the United States without permission and without paying copyright royalties. Special rules, set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark. Project Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you charge for the eBooks, unless you receive specific permission. If you do not charge anything for copies of this eBook, complying with the rules is very easy. You may use this eBook for nearly any purpose such as creation of derivative works, reports, performances and research. They may be modified and printed and given away--you may do practically ANYTHING with public domain eBooks. Redistribution is subject to the trademark license, especially commercial redistribution. *** START: FULL LICENSE *** THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free distribution of electronic works, by using or distributing this work (or any other work associated in any way with the phrase "Project Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project Gutenberg-tm License (available with this file or online at https://gutenberg.org/license). Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm electronic works 1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to and accept all the terms of this license and intellectual property (trademark/copyright) agreement. If you do not agree to abide by all the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession. If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8. 1.B. "Project Gutenberg" is a registered trademark. It may only be used on or associated in any way with an electronic work by people who agree to be bound by the terms of this agreement. There are a few things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works even without complying with the full terms of this agreement. See paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic works. See paragraph 1.E below. 1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation" or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the collection are in the public domain in the United States. If an individual work is in the public domain in the United States and you are located in the United States, we do not claim a right to prevent you from copying, distributing, performing, displaying or creating derivative works based on the work as long as all references to Project Gutenberg are removed. Of course, we hope that you will support the Project Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with the work. You can easily comply with the terms of this agreement by keeping this work in the same format with its attached full Project Gutenberg-tm License when you share it without charge with others. 1.D. The copyright laws of the place where you are located also govern what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in a constant state of change. If you are outside the United States, check the laws of your country in addition to the terms of this agreement before downloading, copying, displaying, performing, distributing or creating derivative works based on this work or any other Project Gutenberg-tm work. The Foundation makes no representations concerning the copyright status of any work in any country outside the United States. 1.E. Unless you have removed all references to Project Gutenberg: 1.E.1. The following sentence, with active links to, or other immediate access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed, copied or distributed: This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org 1.E.2. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived from the public domain (does not contain a notice indicating that it is posted with permission of the copyright holder), the work can be copied and distributed to anyone in the United States without paying any fees or charges. If you are redistributing or providing access to a work with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.3. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted with the permission of the copyright holder, your use and distribution must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional terms imposed by the copyright holder. Additional terms will be linked to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the permission of the copyright holder found at the beginning of this work. 1.E.4. Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm License terms from this work, or any files containing a part of this work or any other work associated with Project Gutenberg-tm. 1.E.5. Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this electronic work, or any part of this electronic work, without prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with active links or immediate access to the full terms of the Project Gutenberg-tm License. 1.E.6. You may convert to and distribute this work in any binary, compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any word processing or hypertext form. However, if you provide access to or distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than "Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.org), you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other form. Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm License as specified in paragraph 1.E.1. 1.E.7. Do not charge a fee for access to, viewing, displaying, performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.8. You may charge a reasonable fee for copies of or providing access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided that - You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method you already use to calculate your applicable taxes. The fee is owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he has agreed to donate royalties under this paragraph to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation. Royalty payments must be paid within 60 days following each date on which you prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax returns. Royalty payments should be clearly marked as such and sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the address specified in Section 4, "Information about donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation." - You provide a full refund of any money paid by a user who notifies you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm License. You must require such a user to return or destroy all copies of the works possessed in a physical medium and discontinue all use of and all access to other copies of Project Gutenberg-tm works. - You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the electronic work is discovered and reported to you within 90 days of receipt of the work. - You comply with all other terms of this agreement for free distribution of Project Gutenberg-tm works. 1.E.9. If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm electronic work or group of works on different terms than are set forth in this agreement, you must obtain permission in writing from both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the Foundation as set forth in Section 3 below. 1.F. 1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread public domain works in creating the Project Gutenberg-tm collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic works, and the medium on which they may be stored, may contain "Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by your equipment. 1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all liability to you for damages, costs and expenses, including legal fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE PROVIDED IN PARAGRAPH F3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH DAMAGE. 1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a written explanation to the person you received the work from. If you received the work on a physical medium, you must return the medium with your written explanation. The person or entity that provided you with the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a refund. If you received the work electronically, the person or entity providing it to you may choose to give you a second opportunity to receive the work electronically in lieu of a refund. If the second copy is also defective, you may demand a refund in writing without further opportunities to fix the problem. 1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set forth in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE. 1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages. If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any provision of this agreement shall not void the remaining provisions. 1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance with this agreement, and any volunteers associated with the production, promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works, harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees, that arise directly or indirectly from any of the following which you do or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause. Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of electronic works in formats readable by the widest variety of computers including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from people in all walks of life. Volunteers and financial support to provide volunteers with the assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will remain freely available for generations to come. In 2001, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 and the Foundation web page at https://www.pglaf.org. Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at https://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by U.S. federal laws and your state's laws. The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered throughout numerous locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact information can be found at the Foundation's web site and official page at https://pglaf.org For additional contact information: Dr. Gregory B. Newby Chief Executive and Director gbnewby@pglaf.org Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide spread public support and donations to carry out its mission of increasing the number of public domain and licensed works that can be freely distributed in machine readable form accessible by the widest array of equipment including outdated equipment. Many small donations ($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt status with the IRS. The Foundation is committed to complying with the laws regulating charities and charitable donations in all 50 states of the United States. Compliance requirements are not uniform and it takes a considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up with these requirements. We do not solicit donations in locations where we have not received written confirmation of compliance. To SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any particular state visit https://pglaf.org While we cannot and do not solicit contributions from states where we have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition against accepting unsolicited donations from donors in such states who approach us with offers to donate. International donations are gratefully accepted, but we cannot make any statements concerning tax treatment of donations received from outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation methods and addresses. Donations are accepted in a number of other ways including including checks, online payments and credit card donations. To donate, please visit: https://pglaf.org/donate Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works. Professor Michael S. Hart was the originator of the Project Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be freely shared with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper edition. Most people start at our Web site which has the main PG search facility: https://www.gutenberg.org This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, including how to make donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.